10 de julho de 2008

Primeira parada, Porto Velho


Eu, Ixã Dua Bake, Txaná Uri, viajei do município do Jordão, no estado do Acre, no dia 3 de julho de 2008. Foi minha primeira viagem para fora, antes eu só conhecia os municípios de Jordão e Tarauacá, para onde viajava com minha família. Dessa vez vim da Aldeia Belo Monte com meu pai, o pajé Dua Busin, Manoel Vandique Kaxinawá, para participar da inauguração do Centro de Memória Hunikuin dos Rios Tarayá e Yurayá, na Aldeia São Joaquim, sem saber que ia viajar para tão longe. Lá conhecemos o txai Eduardo Bayer, que estava retomando contato com nossos parentes depois de mais de dez anos fora do Acre estudando. Txai Eduardo junto com meu pai e o pajé Inka Muru (Agustinho Manduca Mateus) esteve se reunindo para tratar de um futuro Instituto Yuxibu dos Pajés Hunikuins da Floresta. Meu pai achou importante que eu aproveitasse a oportunidade para viajar com txai Eduardo até o sul, para que eu pudesse aprender mais, para trabalhar com a produção de medicamento tradicional em laboratório. Ele fez uma carta para a Funai de Minas autorizar nossa visita às aldeias xacriabá de São João das Missões, onde o Cimi fez projeto de uma Casa de Medicina Tradicional, e eu embarquei no avião para Rio Branco pela primeira vez.

Em Rio Branco alguns de nossos amigos quiseram se preocupar porque pensavam que eu não ia estar seguro, mas tudo correu bem, e no dia 6 de julho conheci o trabalho espiritual do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal, Alto Santo, ao lado de txai Eduardo. Foi muito importante para mim tomar Daime em uma igreja pela primeira vez nesse Dia de São Irineu onde cantavam o hinário do Mestre Raimundo Irineu Serra. Esperamos a primeira oportunidade para viajar, tivemos ajuda de muitos bons amigos, e saímos do Acre na noite de 8 de julho.

Em Porto Velho chegamos dia 9, na casa dos amigos engenheiros florestais Christian Zago e Cáren Andreis, e sua filha Isabela. Com material cedido por nossa amiga Arneide Cemin, da UniR, preparamos nishipae para levarmos aos parentes guarani do Rio Grande do Sul e para os xacriabá do norte de Minas Gerais. De lá embarcamos, dessa vez para Brasília, havendo o amigo Ailton Krenak nos recomendado por telefone que buscássemos conversar com Fernanda Kaingang, do Inbrapi. Foi muito bom ter acreditado em minha missão, pois todos os caminhos se abriram para nós!...

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